Entre torres e favelas vejo a lua flutuar
Vejo o mar bater nas pedras
Da cidade onde chorei por você
Foi-se a noite sertaneja que sonhei no estrangeiro
Estilhaços de recordação onde eu nunca voltarei
A cidade é uma serpente se não falha o meu repente eu vou só
TODA CIDADE É UMA LENDA, TENDAS DE FERRO E CRISTAL
RUAS DE LUZ E DE PENAS, CENAS DE FOGO E JORNAL
EE... OO...
Vai batendo a velha noite no subúrbio da tristeza
E a madrugada sai num trem azul no céu
Abrigando a luz da ilusão
São olhares sem janela derramados na sarjeta
Passarada, negra solidão, traficando a última visão
As cidades são espelhos, tantos olhos, tantos olhos tão sós
As esquinas do deserto, as meninas são sereias
Nas migalhas da televisão eu procuro por você
São Atlântidas concretas baseadas na pobreza
Babilônias da desconstrução sob a lama dos meus pés
As cidades são cometas, vão embora porque somos tão sós
Writer(s): Jose Ramalho Neto, Fausto Nilo Costa Junior
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