Oiça lá ó senhor vinho,
Vai responder-me, mas com franqueza:
Porque é que tira toda a firmeza
A quem encontra no seu caminho?
Lá por beber um copinho a mais
Até pessoas pacatas,
Amigo vinho, em desalinho
Vossa mercê faz andar de gatas!
É mau procedimento
E há intenção naquilo que faz.
Entra-se em desequilíbrio,
Não há equilíbrio que seja capaz.
As leis da Física falham
E a vertical de qualquer lugar
Oscila sem se deter
E deixa de ser perpendicular.
Eu já fui, responde o vinho,
A folha solta brincara ao vento,
Fui raio de sol no firmamento
Que trouxe a uva, doce carinho.
Ainda guardo o calor do sol
E assim eu até dou vida,
Aumento o valor seja de quem for
Na boa conta, peso e medida.
E só faço mal a quem
Me julga ninguém
E faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim
Vossa mercê tem razão
E é ingratidão
Falar mal do vinho.
E a provar o que digo
Vamos, meu amigo,
A mais um copinho
Writer(s): Alberto Failho Janes
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