Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia.
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia.
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia.
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia.
Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia.
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria.
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia.
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia.
[Refrain]
Meu amor, meu amor,
Minha estrela da tarde.
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor,
Eu não tenho a certeza.
Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram.
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram.
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram.
E da estrada mais linda da noite
Uma festa de fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram.
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam.
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram.
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.
[Refrain]
Eu não sei, meu amor, se o que digo
é ternura, se é riso, se é pranto.
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto.
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto.
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto.
Writer(s): Fernando Tordo, Ary Dos Santos
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