(5:39)
Diz quem de manhã viu uma pedra cair dos céus
Soprando faísca roncando trovão
Estatelar-se na terra
Abrir-lhe uma ferida profunda
Dividindo-a quase em dois,
Acentuando-lhe as curvas.
Diz quem viu o povo espalhar-se à volta da ferida
Como se assim lhe segurasse os rebordos para que não aumentasse.
Diz-se que uma moça se atirou aos abraços do mar
Para a terra voltar a ser chão.
Diz quem viu os homens dançarem
Ao som do ghiculo brilhantes de suor e transe
Diz-se que sobre as pessoas em suspenso
Voaram milhares de xitotonguanas
Um dia a ferida sarou
Devolvendo à terra a sua antiga forma redonda.
O chão acordou todo,completo,
A manhã nasceu húmida, vagarosa e perfumada,
Gota solitária na passagem dos anos
(dedicated to the people of mozambique)