Tinha amor à terra que o mar lhe ocultava,
Amor, como uma mulher ao ente que vai nascer.
Assim ia cuidando e em sonhos se afundava,
No alto da coberta, olhando a proa erguer.
Pareceu-lhe que algo se mexia,
Uma névoa ao longe a querer romper,
Enquanto o barco, espumando, as águas dividia
De encontro à terra prestes a nascer.
Ao descobri-la porém, soube-lhe a traição.
Nada os unia. Oculto no silêncio, nenhum cordão.
De novo quis encobri-la mas era tarde de mais:
Nua jazia aos olhos do mundo. Apenas lhe restava
Seguir curso tristemente, sem destino nem cais
E sem corrente ? vazio de si no vazio dos mares.
Writer(s): J. Slauerhoff
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